sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

ORAÇÃO DO CENTENÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO



Tema:
"Arquidiocese de São Paulo, 1908-2008:
100 anos a serviço do Evangelho"

Lema:
"Deus habita esta cidade" (cf Sl 46,6)

Senhor, nosso Deus, Pai, Filho e Espírito Santo,
Nós Vos agradecemos pela Igreja que reunistes em São Paulo
E conduzistes com amor ao longo de sua história centenária.
Nós Vos louvamos pelos Pastores que lhe enviastes,
Pela perseverança do povo nos caminhos do Evangelho
E por todo testemunho de vida cristã.
Abençoai e iluminai nossa Arquidiocese,
Fortalecei-nos na fé, animai nossa esperança e inflamai-nos na caridade;
Tornai-nos verdadeiros discípulos e missionários de Jesus Cristo!
Que o Espírito Santo nos conduza na missão;
O Evangelho transforme nossa cidade e nos ensine a partilhar,
Com generosidade e alegria, os dons recebidos.
Enviai, Senhor, operários à Vossa messe!
Nossa Senhora da Assunção, rogai por nós!
São Paulo Apóstolo e Sant’Ana, rogai por nós!
Amém.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

"Tenho sede"

Por Fernando Geronazzo

Há alguns dias fomos conhecer um lugar muito interessante onde é feito um belo trabalho. Fica no extremo da zona norte da capital, numa periferia muito podre de nossa arquidiocese.

Durante o longo percurso que percorremos entre o bairro do Ipiranga até o Jardim Peri, a paisagem ia se transformando, pode-se dizer que a cidade ia se despojando de sua aparente beleza e majestade para assumir uma realidade muitas vezes desconhecida, quando não esquecida pela grande maioria. Os prédios davam lugar às pequenas casas, muitas vezes de alvenaria sem o reboco nas paredes, ou aos barracos de madeira. As grandes avenidas se transformavam em pequenas ruas onde mal podia passar um carro. E estes, os carros, eram substituídos pelas carroças dos “catadores” de papelão e lixo reciclável.

Enfim chegamos ao nosso destino. Era uma rua à beira de um córrego que estava sendo canalizado. Fomos atendidos por um senhor que nos conduziu para uma capela muito simples. Já impressionava o crucifixo na parede com uma frase escrita ao lado: “Tenho sede”.

Logo chegou uma irmã, com traços indianos, muito tímida. Quando lhe pedimos para que falasse algo sobre a casa e seu trabalho, com simplicidade respondeu: “Eu não tenho nada para falar, venham e vejam!”. Ao ouvirmos esta resposta imediatamente nos veio à mente o que sempre dizia a Beata Teresa de Calcutá a quem lhe fazia a mesma pergunta.

Realmente Madre Teresa estava muito viva naquele lugar. Sua presença não era apenas sinalizada pela sua relíquia – seu fio de cabelo – na capela. Tudo tinha a marca e o odor de santidade desta grande mulher do século XX. Aquela irmã tinha os traços e a serenidade próprios do carisma nascido no coração da bem-aventurada madre.

Então fomos e vimos! Uma casa grande, porém muito simples. Fora construída em um terreno rochoso. Inclusive uma das rochas que não pôde ser removida tinha uma parte dentro da casa onde foi construída uma gruta para Nossa Senhora.

Logo avistamos mais irmãs, sorridentes, mas sempre com muito pouco para falar. A que fala um pouco mais era a Ir. Joana, a única brasileira na casa. Sua simplicidade era tão natural que logo que nos avistou já pediu que a ajudássemos a carregar um botijão de gás até o segundo andar.

Foi ela que nos contou que naquela casa eram atendidos cerca de 16 idosos, todos homens enfermos e abandonados por suas famílias. A grande maioria era trazida pelos hospitais da cidade. Estes idosos traziam em seus rostos e no corpo as marcas de uma história de abandono e de dor causados pela doença ou pela vida que tiveram.

Eram 3 horas da tarde quando as irmãs nos convidaram para rezar o rosário com eles, pois era um costume da casa. Durante a oração eu olhava pra um dos muitos quadros de madre Teresa que havia na casa. O que mais me chamava a atenção era o rosto e as mãos daquela mulher, com rugas fortes, sinais de uma pessoa que se consumira pelo trabalho, pelo Reino.

Ao mesmo tempo em que olhava para sua fotografia, eu observava os rostos daqueles homens acolhidos e percebia algo em comum: Teresa havia se identificado com aqueles a quem servia. Ela realmente se identificou com o Cristo pobre e sofredor. Madre Teresa não apenas ajudava os pobres, era pobre com eles. Não somente acolhia a quem sofria, era sofredora com os sofredores. E da mesma forma que por detrás daquele de seu rosto marcado nascia um encantador sorriso, era possível ver surgir novamente o sorriso no rosto daqueles homens.

Após a recitação do rosário fomos conhecer a parte da casa onde as irmãs residem. Era tudo muito simples, um pequeno corredor com um minúsculo refeitório, uma singela capela com o sacrário sobre as rochas, sem bancos nem cadeiras. O crucifixo com a marcante frase em inglês “I thirst” (tenho sede). A clausura era separada apenas por uma cortina. Materialmente elas não tinham nada.

Como já disse a Ir. Joana conversou um pouco mais conosco. Talvez pelo fato de ser brasileira, se bem que as outras irmãs, indianas, falavam muito bem o português. A irmã contou-nos que está na congregação das Missionárias da Caridade há 17 anos. Apesar de ser do interior de São Paulo, Ir. Joana descobriu sua vocação quando morava nos Estados Unidos. Estudava e trabalhava quando teve o primeiro contato com a Missionárias. ela também partilhou conosco que recebeu o seu hábito das mãos da própria Madre Teresa de Calcutá durante uma de suas visitas aos EUA.

As Missionárias da Caridade professam os votos de Castidade, Pobreza, Obediência e um quarto: “Servir de todo coração ao pobre mais pobre”. Também existe em outros países o ramo contemplativo da congregação, assim como o ramo masculino, com irmãos e até padres. Sua primeira casa no Brasil foi no bairro de Alagados em Salvador, Bahia. Hoje são 13 casas da congregação no país. As demais casas acolhem mulheres, crianças, portadores do vírus HIV e demais pessoas em situação de sofrimento. As irmãs nos disseram que o grande sonho de Madre Teresa e que ainda não se realizou era abrir uma casa na China.

Ir. Joana está há pouco tempo nesta casa. Quando lhe perguntamos se há algum tempo para ficar em cada casa, disse: “Não há tempo determinado. De repente podem nos ligar da casa regional e falarem para arrumarmos as malas e nos mudarmos. Malas! Nem temos isto, temos uma sacola”.

No final da tarde participamos de uma missa com todas as irmãs, os acolhidos e algumas famílias da comunidade. Foi uma linda celebração. Como é significativo participar da Eucaristia ao lado de pessoas que realmente vivem diariamente o sacrifício de Cristo. Estas mulheres saciam a sede de Nosso Senhor pendente na Cruz de maneira concreta, em cada um daqueles que sofrem a dor do abandono. Quando falamos de sede , não se trata apenas da sede material, mas a sede de amor, de valorização como pessoa humana, de Deus. Podemos dizer que os momentos antecederam aquela missa foram, de fato, momentos de união profunda com o mistério salvívico de Cristo.

Conta-nos a biografia de Madre Teresa de Calcutá que quando ela se deparou com um enfermo nas ruas de Calcutá que lhe dizia “tenho sede”, neste momento descobriu seu carisma. Nossa querida beata afirmara que ali, diante daquele homem ela fez o grande retiro de sua vida. Podemos dizer que este dia de visita às Missionárias da Caridade foi para nós um dia de retiro do qual saímos comprometidos a estarmos atentos para ouvir quando e onde Jesus repete insistentemente: “Tenho sede”.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Padre Júlio tem a solidariedade da Igreja de São Paulo


Arquidiocese de São Paulo

NOTA À IMPRENSA


A Arquidiocese de São Paulo manifesta sua satisfação pelo trabalho de investigação da Polícia, que resultou na prisão de várias pessoas acusadas de atos de chantagem e extorsão contra o Padre Júlio Lancelotti. Esse era um passo muito esperado e necessário para o prosseguimento das investigações e para que a verdade sobre as suspeitas levantadas contra o Padre possa aparecer.

Por outro lado, causam grande perplexidade as acusações levianas feitas contra o Padre Júlio, que é bem conhecido, há muito tempo, e sempre esteve em evidência na cidade de São Paulo; seu trabalho social foi sempre devidamente monitorado por quem de direito. Com seu valioso trabalho social em benefício de numerosas pessoas que vivem em condições de total exclusão social e, muitas vezes, em situações de marginalidade, e com seu trabalho religioso, ele sempre buscou ajudar essas pessoas a recuperarem sua dignidade, para uma adequada re-inserção social. Para isso, ele teve e tem o incentivo e o apoio da Igreja e também de grande parte da sociedade.

É bom recordar que foi o próprio Padre Júlio quem apresentou a denúncia à polícia de ele que estava sendo vítima de extorsão e, para isso, era chantageado, mediante a ameaça da acusação de pedofilia. Sobre isso foi recolhido farto material comprobatório. Lamentavelmente, de vítima, agora ele está sendo transformado em réu.

Toda pessoa deve ser considerada inocente, até provas em contrário. Aos acusadores cabe a responsabilidade de apresentar provas convincentes para suas acusações. E ninguém pode ser condenado, mesmo na opinião pública, antes do processo formal e sem ter tido a possibilidade ampla de defesa.

Padre Júlio tem a solidariedade da Arquidiocese de São Paulo, que confia no trabalho da justiça e estará acompanhando as investigações.

São Paulo, 27 de outubro de 2007

D. Odilo Pedro Scherer

Arcebispo de São Paulo


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terça-feira, 2 de outubro de 2007

Os "Super-Coroinhas"

Por Fernando Geronazzo.

Há alguns meses atrás eu estava navegando pelo site de relacionamentos orkut quando encontrei uma comunidade com um fórum sobre a atuação do mestre de cerimônias do Santo Padre nas celebrações que ocorreram durante sua visita ao Brasil em maio. A maioria dos comentários partiu de jovens e adolescentes que ajudam nas liturgias das diversas paróquias de nossa Igreja. O mais interessante foi perceber o quanto esses jovens estavam desenvolvendo uma espécie de veneração, para não dizer, uma “tietagem” diante deste competente cerimoniário, o que justifica o nome da comunidade: “Eu sou fã de Piero Marini”. Isso estava ficando tão exagerado que começavam a emitir críticas aos brasileiros que estavam à frente da organização da liturgia das celebrações dos quais participaram até alguns bispos.

Então manifestei o meu parecer, até por que tive a oportunidade de ajudar na celebração do Papa no Campo de Marte em São Paulo. E pude ter um contato mais próximo com Mons. Piero Marini.

Realmente vi nele um homem simples, competente e sereno ao desempenhar o seu serviço. Ele buscou fazer algumas alterações que tornaram uma celebração daquele porte mais prática e funcional sem perder a solenidade e dignidade do sacramento.

Claro que muitos jovens não compreenderam minha colocação, afinal mostrei-lhes um mestre de cerimônias muito “normal” e eles precisavam de um ídolo, um homem ideal. Pronto! Bastou isso para a confusão se instalar naquela comunidade virtual...

Mas este fato é só pra ilustrar uma questão mais profunda que surge em nossas comunidades e paróquias: os chamados super-coroinhas.

Cada vez mais vemos jovens se interessarem pelo serviço litúrgico, o que é muito importante, pois nossas paróquias precisam de pessoas que se dediquem na preparação das celebrações, busquem conhecer a riqueza de nossa liturgia que se desenvolveu ao longo dos anos e não pode ser esquecida. Mas, liturgia é muito mais do que gestos, paramentos, pompas e etc. Liturgia é mistério, beleza expressão de fé que vem do interior do nosso ser. A beleza é fundamental na liturgia, porque o belo nos conduz a Deus. Deste que esta beleza não seja superficial e apenas ritual. Resumindo: liturgia é vida!

Quando vemos alguns jovens que começam a ocupar toda a sua vida com o que é superficial na liturgia, temos que ficar atentos. Muitos destes sabem tudo sobre paramentos, brocados, filetes e tudo mais, quando nem lhes compete o uso destas vestes. Ser um bom cerimoniário, por exemplo, não é se portar como um “robô” no altar, com gestos mecânicos que acabam chamando mais atenção que o próprio celebrante. Adolescentes que têm um semblante sisudo e, se alguma coisa der errado... Meu Deus! Está tudo perdido, a missa acabou!

É! Podemos dizer que infelizmente para estes a missa ainda nem começou.

Muitos daqueles jovens, da tal comunidade no orkut, se diziam vocacionados e tinham como modelo o Mons. Marini. Vocacionados de quem? Uma das coisas que eu dizia pra eles é que deviam imitar de seu “ídolo” não apenas sua postura nas celebrações, mas sim o seu seguimento a Jesus Cristo verdadeiro modelo de vocação. Ele é quem celebra a eterna liturgia, pois Ele é o sumo e eterno Sacerdote.

Isto é realmente preocupante, esses meninos (e agora começam a surgir as meninas também) leigos deixam de viver sua juventude, de sair com os amigos, curtir a família ou até namorar para ficarem dentro das sacristias às vezes o dia inteiro lendo rubrica de missal. Quando a Igreja, sobretudo na América latina, faz um apelo à missão, a sair para o encontro daqueles que estão afastados...

Recentemente voltei à acessar a comunidade virtual e, claro, minhas postagens já não estavam lá, pelo menos as mais “polêmicas”. Mas tinha um novo tópico que dizia: “Notícia bombástica! Mons. Marini foi nomeado para o Comitê Organizador dos Congressos Eucarísticos Internacionais” E entre a garotada a pergunta não calava: “Ele vai deixar de ser cerimoniário? Quem vai ser seu sucessor?”.

Realmente ele foi nomeado para esta função, prova de que sua competência vai muito mais além do que os garotos imaginavam, uma vez que os congressos eucarísticos são fundamentais para a evangelização e conscientização dos povos em torno do centro da vida eclesial que é a Eucaristia.

Mas no final deste colóquio um pensamento me vem a mente e me conforta: tratam-se de garotos, eles vão crescer cabe a nós ajudá-los.

Mas outro pensamento me chega agora, porém será abordado em outra ocasião: “a febre dos super-coroinhas não atinge só os jovens e adolescentes!”.


Mons. Piero Marini nasceu em 13 de dezembro de 1942 em Valverde, província de Pavia (Itália).
A partir dos anos sessenta, trabalhou na Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
Como gesto pessoal de reconhecimento, João Paulo II o nomeou arcebispo, recebendo a ordenação episcopal em 19 de março de 1998.

(Foto: visitadopapa.org.br)

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A Arquidiocese de São Paulo e a ditadura militar...



Por Fernando Geronazzo


A Igreja Católica sempre esteve presente nos grandes acontecimentos da História. Esta instituição de dois mil anos caminhou com a história da humanidade e, portanto, colaborou na construção da identidade dos seres humanos. Desde a organização social, na formação dos valores e, sobretudo, no campo do conhecimento.

No caminhar da História a Igreja se relacionou com as instâncias do poder de diversas maneiras. Durante os primeiros séculos do cristianismo, incomodava o poder romano que a perseguida. Na Idade Média, o Estado se confundia com a Igreja, que detinha certo domínio da sociedade. E mesmo depois continuou exercendo forte influência nas instâncias governamentais.

No Brasil, não foi diferente, a Igreja chegou com os portugueses e ajudou a construir a identidade desta nação. Participou de cada momento do nosso país, dando sua contribuição, seja no Brasil Colônia, Império ou República. As grandes decisões tomadas no Brasil tiveram a participação, opinião, e até a iniciativa da Igreja.

Quando analisamos o panorama do Brasil nas décadas de 60 e 70, percebemos o grande papel exercido pela Igreja Católica na transformação da realidade que se configurava. Vemos a evolução da reflexão crítica desta instituição que se tornou praticamente a única instância capaz de combater o regime que estava se instalando no país. O Brasil adentrava num período considerado por muitos como de “trevas”, em que a liberdade e dignidade humanas estavam ausentes do vocabulário e da consciência daqueles que detinham o poder no país.

Uma verdadeira ideologia disseminava sobre a população a tensão existente no mundo com a “Guerra-fria”. Foi articulada uma verdadeira conspiração para derrubar o então presidente da República João Goulart, mobilizando a sociedade brasileira para apoiar os militares na tomada do poder. Esta ideologia foi reforçada principalmente após a consolidação deste poder, a fim de manter a “estabilidade” do regime.

No mesmo momento, a Igreja universal passava por uma fase de mudanças com o início do Concílio Vaticano II. Era chamada a rever sua identidade e sua atuação no mundo. A situação do Brasil era ambiente propício para pôr em prática as primeiras reflexões do Concílio. Nesse período, em São Paulo, maior cidade do país, ficava a maior arquidiocese do mundo que crescia cada vez mais com a cidade, presenciando todos os excessos do novo regime.

De fato este foi o período mais crítico da sociedade brasileira. Não havia mais liberdade de expressão, nem liberdade de ir e vir. O poder que se apresentava como solução para aqueles que temiam o “fantasma” do comunismo, tornou-se o verdadeiro “terror’ na nação. Pelo simples preço do poder, a verdade e a liberdade de um povo foram esquecidas. O brasileiro não tinha mais o direito de pensar.

Mas diante da repressão surgia quem podia representar e dar voz àqueles que não podiam se expressar. A Igreja Católica, sob o impulso dos novos ventos do Concílio Vaticano II aprendia a ser Igreja no século XX, aprendia a ser Igreja no Brasil. Assumindo seu papel como construtora e transformadora da sociedade. Transmitindo através do Evangelho a dignidade humana.

Ao passo que ia tomando consciência da verdadeira face do regime a Igreja ia amadurecendo e conquistando o espaço daqueles que, mesmo de dentro dela, ainda não haviam despertado para esta realidade e, por isso, apoiavam o novo regime.

Ao analisar o confronto entre a Ideologia consolidada pelos militares e a ação pastoral da Igreja de São Paulo na primeira década da Ditadura Militar, percebe-se o desenvolvimento pastoral desta Igreja particular estimulada pela análise da realidade vivida na cidade. Ao mesmo tempo em que refletia sobre sua existência e identidade como instituição comprometida com a transformação da sociedade. Era como se voltássemos à experiência da Igreja primitiva, onde em torno da Palavra os cristãos encontravam forças para lutar contra um sistema que os oprimia.

A sociedade paulistana ganhou forças juntamente com a Igreja, ambas fragilizadas pela novidade, tanto do regime, como do Concílio, mas imbuídos da esperança de encontrar o seu espaço concreto. Nascem a “Juventude Católica”, as “Comunidades Eclesiais de Base”, a “Operação Periferia”, a “Comissão de Justiça e Paz” e tantos outros frutos. Grandes intelectuais e notáveis políticos também surgiram nessa época em meio a esses movimentos. A imprensa tinha na Igreja uma grande aliada, pois muitas vezes os púlpitos eram os únicos veículos de informação para a população.

De fato a Igreja de São Paulo, na pessoa de seus padres, leigos e, sobretudo na figura do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, deixou um registro positivo nas páginas da História do Brasil. Registro este que suplanta a marcas negativas deixadas pelos oficiais militares que souberam consolidar uma ideologia capaz de promover a morte. Prova-se que também é missão da Igreja se engajar de forma crítica no desenvolvimento sócio-político de uma nação, pois assim ela promove a vida plena para todos, portanto constrói o Reino de Deus.


Fernando Geronazzo

Baseado no seu Trabalho de Conclusão de Curso na Graduação em Filosofia do Centro Universitário Assunção em 2006 com o tema: “A Arquidiocese de São Paulo e a Ditadura Militar - O confronto entre a Ideologia Militar e a prática pastoral da Igreja de São Paulo no período de 1964 à 1974.”Orientador: Professor Domingos Zamagna

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Conheça-me

Nem sempre é fácil falar de si mesmo mas é necessário que o leitor deste blog conheça o mínimo de quem escreve... Sou uma pessoa muito feliz, pelo chamado que Deus me fez e que busco responder a cada dia... Acredito que Deus se manifesta na história de cada um de nós... Afinal vivo no tempo e no espaço e a única maneira de penetrar ainda hoje na eternidade é atualizando de forma simples, a cada dia, nesta vida, o mistério eterno revelado por Deus. Em minha história percebo isto com clareza nos muitos sinais que Deus me deu, como:
-Minha humanidade, pois sei que quanto mais a vivo intensamente, mais eu me aproximo do mistério de um Deus que assumiu a nossa condição humana para nos conduzir a vida divina. Sei que a partir dos meus defeitos é que nascem as virtudes...E por isso devo ter os meus pés fixos no chão para poder alcançar o céu;
- Minha família, pela qual minha história começou, que me transmitiu a vida, que me ajudou a ser gente, ser humano à imagem e semelhança de Deus que me amou desde sempre...
-A Igreja, em especial a Arquidiocese de São Paulo, que nos últimos anos tem sido a minha nova família, onde fui acolhido e onde estou crescendo e madurecendo como homem e filho de Deus... espero continuar cada vez mais unido a esta Igreja pra que possa ser presença dela no mundo. A cada dia que passa sinto um amor esponsal por esta Igreja...
- Aos muitos amigos que conheci ao longo destes anos: amigos da escola, vizinhos, da Igreja, do Seminário, do trabalho... Enfim, seria impossível enumerar todas essas pessoas que fazem parte da minha vida. Alguns apenas passaram, outros permanecem, e tem ainda os que virão...Só sei que vejo em cada um deles um sinal visível do amor de Deus, pois amizade é o presente mais precioso que recebemos dEle...


Estes e outros sinais compõem a minha realidade e me ajudam a definir quem eu sou: FERNANDO GERONAZZO.