domingo, 19 de setembro de 2010

60 Anos da TV brasileira!

A Televisão finalmente chega ao Brasil

Fernando Geronazzo
20 de setembro de 1950

A noite de 18 de setembro com certeza entrará para a história da comunicação brasileira. A visão empreendedora do jornalista e empresário Assis Chateaubriand torna o Brasil pioneiro, em toda América Latina, na implantação de um novo meio de comunicação: a Televisão.
O salão do Jockey Clube de São Paulo estava repleto de autoridades e pessoas da alta sociedade para prestigiar a transmissão da cerimônia de inauguração da PRFP 3, a TV Tupi de São Paulo. Diante de um aparelho receptor com uma tela, aquelas pessoas não apenas ouviram, mas também viram a pequena Sônia Maria, de apenas 5 anos dizer “Está no ar a TV no Brasil”.  Dos estúdios da emissora, no bairro do Sumaré, as câmeras mostravam as celebridades, na maioria, vozes conhecidas do rádio, agora vistas, ao vivo, pela televisão.
Às 7h da noite, celebridades, políticos e empresários, já se aglomeravam nos estúdios. Havia mais pessoas por trás das câmeras do que diante delas. Entusiasmado, Chateaubriand anunciou que “no ‘cocuruto’ do Banco do Estado de São Paulo tinha sido instalada a antena que ia levar pioneiramente aos lares paulistas o mais subversivo de todos os veículos de comunicação do século, a televisão”. Além da antena instalada no edifício do banco, outra foi colocada no próprio prédio da emissora. Cerca de 22 televisores foram instalados nas vitrines das diversas lojas revendedoras do aparelho, para que a população pudesse prestigiar a transmissão, além dos que estavam no Jockey.
Com uma hora e meia de atraso, enfim, os paulistanos puderam ver os radialistas Walter Foster, Homero Silva entre outros. Escalada para entoar a “Canção da TV”, Hebe Camargo não poder executá-la, devido a uma rouquidão inesperada. Então, Lolita Rodrigues e Vilma Bentivega entoaram os versos do hino composto pelo poeta Guilherme de Almeida, que dizia: “A cruz que Anchieta plantou: pois dir-se-á que ela hoje acena por uma altíssima antena em que o cruzeiro pousou”.
Algumas daquelas pessoas presentes do Jockey já haviam testemunhado a transmissão experimental da televisão, em 5 de julho, na inauguração do edifício sede dos Diários Associados, na rua Sete de Abril, com a presença do presidente da república, Eurico Gaspar Dutra, onde uma única câmera registrou as imagens reproduzidas pelos dois aparelhos receptores de TV instalados no local.
Enfim, o sonho Chateaubriand foi realizado. Dono dos Diários e Emissoras Associados, e entusiasta das novas técnicas da comunicação, “Chatô”, como é chamado, é conhecido também pelo seu apreço pela cultura. Haja vista o seu papel relevante na fundação do Museu de Arte de São Paulo. Seu envolvimento com a política e sua experiência em fazer bons negócios são favoráveis para que sempre consiga o que quer.
O jornalista nunca escondeu o seu fascínio por trazer ao Brasil a “maravilha” que havia visto nos Estados Unidos. E o investimento para essa façanha não foi pequeno. Cerca de 30 toneladas de equipamentos no valor de 5 milhões de dólares, foram adquiridos para consolidação do sonho de Chateaubriand. Os equipamentos foram fabricados pela empresa americana RCA Victor.
Com os profissionais dos Associados, Chateaubriand começou a delinear a estrutura da primeira emissora de televisão do país. Dois especialistas na montagem de transmissores de rádio, Mário Alderighi e Jorge Edo, foram aos Estados Unidos para adquirirem as primeiras noções para utilização dos novos equipamentos. Dermival Costa Lima, diretor artístico nas Rádios Tupi e Difusora de São Paulo, assumiu a mesma função na televisão. Como assistente, foi convidado o jovem Cassiano Gabus Mendes, de apenas 20 anos, que, na opinião de Costa Lima, tem se mostrado um ótimo escritor de peças de rádio teatro e na produção de programas de auditório.
Mesmo com todo esse aparato técnico e profissional, há um mês, o engenheiro americano Walther Obermüler, diretor da emissora americana NBC TV, chegou ao Brasil para supervisionar as primeiras semanas de funcionamento da TV Tupi. Logo que chegou, a primeira pergunta de Obermüler foi “quantos milhares de receptores foram vendidos pelo comércio à população de São Paulo?”. Foi quando os diretores da nova emissora se deram conta de que nenhum aparelho havia sido vendido.
Chateaubriand logo encontrou a solução. Mandou importar dos Estados Unidos, 200 aparelhos, para chegarem a São Paulo em três dias. Porém, a burocracia do Ministério da Fazenda só liberaria as produtos importados em pelo menos 2 meses. Chatô não pensou duas vezes e buscou vias “alternativas” para que esses receptores chegassem a tempo. Tal fato foi noticiado, recentemente, pelo repórter Edmundo Rossi, no Diário da Noite, ao descobrir que a policia investigava o contrabando de centenas de aparelhos de TV. O repórter, não conhecendo que o seu patrão estava por trás da operação, tornou pública a ação.
Destes televisores, os dois primeiros foram presenteados por Chatô à sua secretária particular, Vera Faria, e ao presidente Dutra, que ainda não poderá utilizá-lo no Palácio do Catete, pois, de acordo com os técnicos da PRF-3, o sinal da emissora só chega a, no máximo, cem quilômetros da cidade de São Paulo. Mas, segundo o diretor da RCA, David Sarnoff, que compareceu à cerimônia de inauguração da TV Tupi, isso será possível em breve. “A televisão dá asas à imaginação, eu prevejo o dia em que ela nos permitirá percorrer com os olhos toda a Terra, de cidade em cidade, de nação em nação”, afirmou Sarnoff.

Texto apresentado como trabalho de conclusão da disciplina Mídia e Cultura Popular, 
no Programa de Especialização em Comunicação Jornalistica da PUC-SP, em maio de 2010.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Em quem (não) votar?



Prezados,
Já de saco cheio de tanta falácia em torno destas eleições, partilho a reflexão do blog de uma grande amiga minha.
Antes disso, quero deixar claro que não quero abrir discussão nem nada parecido. Só quero dar o meu pitaco. Já que todo mundo tem uma palavra "oficial" em nome da moralidade católica...
Sabe, às vezes penso que defendemos mais a "Igreja" do que o próprio Cristo...
Não votar nesse ou naquele candidato por não concordar com seu posicionamento diante daquilo pelo qual é eleito: o exercício da democracia, é uma coisa... Agora, ficar com "discusrsinho" espalhando por ai o medo ou visões unilaterais sobre certas convicções dos candidatos... enfim
Só queria que me apontassem um candidato [à presidência da república] que seja contra a descriminalização do aborto, da união civil entre pessoas do mesmo sexo, entre outras...
Sejamos maduros pra ter noção que este tipo de questão não será decidida apenas pelo presidente da república. Quando tais projetos chegarem em suas mãos já terão passado pelo Congresso...
Tem algum ingênuo que pensa que algum desses candidatos dirá "Bem, vou vetar isso porque sou católico apostólico romano". Ah! Pelo amor de Deus! Um candidato vai se indispor com a maioria parlamentar, acreditando que isso foi discutido e debatido nas comissões e no plenário? Bem, infelizmente a maioria dos parlamentares não irá discutir isso de verdade...
Mas e aí? Se tudo isso for aprovado perdemos uma batalha? Ei, onde está a missão primeira de nós, cristãos, de evangelizar?
Até quando vamos ficar nos respaldando em leis para anunciar o que acreditamos?
Não se trata aqui de se resignar com as coisas. Mas, meu Deus, é nessas ocasiões que vamos, de fato, saber o que significa anunciar o que acreditamos.
O púlpito, nossa ação pastoral e, sobretudo, nosso testemunho de vida que são capazes de fazer acontecer o Reino de Deus entre nós.
Enfim, chega uma hora que temos que desabafar. Mais do que nominar em quem não devemos votar, precisamos mostrar com nossa vida em quem de fato acreditamos, o que buscamos.
É preciso que formemos em nossas comunidades pessoas que sejam capazes de ser presença viva e eficaz de nossos valores no mundo da política. Precisamos proporcionar debates e reflexões maduras acerca da política e de tudo o que a envolve.
Agora, tomemos consciência que independentemente do que o Estado, que cada vez mais se afirma como laico, pense e decida, nossa missão é gerar uma consciência ética em nossos irmãos na fé, para que possam optar pelo o que não convém, movidos pela fé, pela coragem de contradizer o mundo, não simplesmente por que é proibido pela lei civil. Do contrário, nunca conseguiremos mostrar para as pessoas o Caminho, a Verdade e a Vida que definem o próprio Jesus.

Quanto ao blog que citei acima, confiram: http://rosanamanzini.com/Blog/?p=336