sábado, 9 de janeiro de 2010

Perseguidos...


Recentemente, alguns noticiários relataram os ataques sofridos por diversos grupos cristãos, católicos e ortodoxos, na região do Oriente Médio, como Egito e Iraque.

Nas proximidades do Natal, grupos fundamentalistas, entre islâmicos e judeus ultra-ortodoxos, ameaçam e agridem os cristãos que manifestam a alegria própria da fé celebrada nesta data. São pedradas, cusparadas e até mensagens pelo celular, como a que recebeu o bispo de Kirollos, da diocese de Nagaa Hamadi (Egito), em que dizia: “Agora é a sua vez”. Devido a essas ameaças, o prelado se viu obrigado a terminar a missa de Natal uma hora mais cedo.

Na cidade iraquiana de Bartilla, local predominantemente cristão católico, foi detonado um carro-bomba próximo a um mercado, também nas proximidades do Natal, deixando dezenas de feridos.

Em Israel, um dos mais altos tribunais rabínicos ortodoxos precisou condenar como violações da fé e da moralidade os recentes ataques com cusparadas sofridos por sacerdotes e fiéis cristãos católicos, perpetrados por jovens judeus ultra-ortodoxos em Jerusalém.

Na Argélia, país predominantemente islâmico, onde apenas 2% da população é cristã (entre católicos e protestantes), a manifestação religiosa pública dessa minoria é considerada crime de morte. É expressamente proibida a conversão de qualquer argeliano para o cristianismo. Caso isso ocorra, o convertido é morto e o missionário responsável é deportado.

Missionários da Comunidade Católica Shalom, que residem na capital Argel, contam que só é permitido o atendimento religioso àqueles que já são cristãos e seus descendentes. Caso um argeliano procure o bispo ou um sacerdote para pedir o batismo, o clérigo, em extremo sigilo, orienta o mesmo a deixar o país clandestinamente para preservar a sua vida. Os missionários chamam o seu trabalho de “evangelização silenciosa”, uma vez que apenas com suas presenças é que anunciam a Boa Nova de Jesus Cristo.

No país mais populoso do mundo, a China, que vive sob o regime comunista, até a religiosidade pertence ao Estado. Lá existe a Igreja Nacionalista, com as mesmas características e organização da Igreja Católica, porém com uma significativa diferença, a eleição dos bispos, escolha dos padres bem como a autorização do ingresso de jovens ao seminário competem ao governo. Mas a Igreja Católica Romana sobrevive no país na clandestinidade. As celebrações acontecem nas casas, escondidas, de tempos em tempos o bispo, padres e seminaristas são obrigados a mudar de casa para que não sejam descobertos. As ordenações acontecem a portas fechadas, e apenas depois que os novos padres são apresentados ao povo.

Apesar de estarmos em pleno século XXI, dois mil anos distantes das perseguições da Igreja primitiva, nossos irmãos na fé passam por esses sofrimentos e provações. Qual é o crime destes? Manifestar sua fé no Salvador.

Certa vez, um missionário chinês que vive há mais de 50 anos no Brasil disse: “Onde tem perseguição, os católicos são mais fervorosos”, apontando que na china fervem as vocações.

E ele têm razão! É comprovado que em regiões onde existem perseguições e crescente intolerância religiosa, as manifestações de fé são mais profundas e consolidadas. De maneira que aquele que se diz cristão, o faz convicto do encargo e valor que essa confissão acarreta.

Estes não são influenciados pelo meio ou pela cultura presente nas nações predominantemente católicas, em que o simples fato de nascer já configura qual a religião seguida.

Ao ler e ouvir relatos de massacres aos nossos irmãos, nosso coração arde, como o coração de quem sente a dor que aquele que compactua do mesmo sangue, derramado na Cruz.

São confessores e mártires de uma fé cujo o sangue continua sendo derramado. São cristãos no sentido mais profundo da palavra, “outros Cristos” que, como o mestre, são humilhados e açoitados, levam bofetões e cusparadas pelo simples fato de serem o que são.

O que nos cabe? Primeiramente uma conversão sincera do coração, um testemunho de fé digno do nome que carregamos desde o batismo. Cabe-nos, também, a compaixão e comunhão com estes irmãos que sofrem em terras longínquas.

Que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, aqui e em toda parte.

Pois somos todos membros de um mesmo corpo, que ainda sangra, mas que ama e busca a vida eterna.